Nós começamos uma relação no mistério, numa efervescência de hormônios e uma abundância de hipérboles, idealizando o ser amado, reprimindo a evidência das diferenças e exagerando os pontos de similitude. Ébrios pela ambrosia dos deuses nós celebramos a perfeição da relação.
Pouco tempo mais tarde, nós lançamos ao ser amado um olhar de cheio de raiva, de inconformismo sem limitação e diferenças irreconciliáveis. E mesmo se for cinco semanas, cinco meses ou cinco anos, é apenas uma questão de tempo antes que o senhor ou a senhora Perfeição caia do pedestal.
Lembre-se que isto não tem nenhuma nada a ver com o outro. Somos nós que estamos em questão. O outro é apenas um espelho no qual nós mergulhamos nosso olhar para descobrir aspectos de nós mesmos que nós nunca encaramos.
Assim que nós mordemos bem afundo o anzol da paixão, nos acreditamos ter capturado o ser amado. Mas, cedo ou tarde, nós devemos retirar o ser amado do anzol. Assim que a paixão acaba, tentar manter o anzol no ser amado faz apenas com que cada um dos parceiros mantenham-se muito desconfortáveis.
– Lembre-se que a isca estava lá para você, não para ele ou ela. O espelho era teu. Pertence ao outro escolher aprender ou não com o relacionamento. Você não pode forçá-lo a aprender as lições, nem assumir as suas responsabilidades. Você pode apenas decidir por você mesmo o que você vai fazer.
– Assim que a paixão acaba e que os hormônios perdem a efervescência, restam apenas dois seres humanos, imperfeitos e comuns. Cada um perdeu a sua aura artificial e idealizada. Cada um possui medos, esperanças, forças e fraquezas, conhecimentos e uma parte de ignorância, dons e uma bagagem emocional.
– Cada um há em si um adulto espiritual e uma criança ferida, um lado luz e um lado sombra. As questões principais são: Cada um pode aceitar o outro como ele ou ela é? Cada um pode encontrar uma maneira de se individualizar no relacionamento ajudando o outro a fazer o mesmo? Podem eles criar um espaço suficiente seguro para que cada um possa dizer a verdade e confessar os seus medos?
– Se este for o caso, a relação renascerá das cinzas da fantasia e da paixão e se transformará numa via realista de crescimento espiritual para cada um dos parceiros. Se não, a relação se autodestruirá e as promessas de amor romântico terão desaparecidas.
Tradução livre de Jorge Salum do livro: Les Lois de l’Amour – Paul Ferrini