A prática da aceitação sugere o seguinte: “Eu não tenho necessidade de estar de acordo com a tua posição para te aceitar. Como prova de minha aceitação, eu vou escutar o que você tem a dizer. Eu vou respeitar o que você diz, mesmo que isto me deixe desconfortável.”
Isto não parece ser uma prática radical, mas eu asseguro vocês que é. Com esta prática, nós criamos a igualdade. Nós não dizemos: “Minha idéia é melhor que a tua, mas tua idéia é tão importante quanto a minha e ela merece, portanto, ser escutada”.
Esta é uma elucidação revolucionária na interação humana, um pivô à partir da particularidade – que alimenta o conflito e o desentendimento – em direção à igualdade – que nutre a paz e a compreensão.
Se nós desejamos a paz nos corações e no mundo, nós devemos abandonar as seguintes necessidades:
- A necessidade de ter razão – ou colocar o outro como o errado;
- A necessidade de estar de acordo.
Se nós podemos viver com a possibilidade que as duas partes podem ter razão e erro e que cada parte é inevitavelmente influenciada na sua percepção do que é verdadeiro ou falso, se nós podemos estar em desacordo, não cegamente, mas com a compreensão resultante de uma escuta mútua, se nós podemos considerar nossos desacordos no contexto de nossos campos de interesses comuns e complementares, então a paz é possível.
E se a paz é possível, então ela é uma realidade, tanto presente quanto futura. Num determinado sentido, o potencial de paz, apoiado pela boa vontade das duas partes de dialogar e de se compreenderem, é o contexto dinâmico no qual nasce a paz.
Algumas vezes, nós consideramos a paz como um estado passivo. E, efetivamente, podem ocorrer tempos de tranquilidade entre as pessoas e os povos. Mas a paz é um processo dinâmico pelo qual os desacordos são aliviados e resolvidos.
A resolução pacífica de um conflito jamais beneficia mais uma parte do que outra. Ela é sempre benéfica para as duas partes igualmente, embora aqueles que se encontram no exterior do conflito não possam sempre compreender a equação.
A guerra utiliza a força para assegurar que um lado domine o outro. A paz utiliza o diálogo para assegurar que nenhuma das duas partes domine a outra e que cada uma negocie o que ela considera como válido para ela.
Tradução livre de Jorge Salum do livro: Les Lois de L’Amour – Paul Ferrini